Os cinco círculos do amor - Primeiro Círculo - Os pais
"O primeiro círculo do amor começa com o amor recíproco de nossos pais, como um casal. Foi desse amor que nascemos. Eles nos geraram e nos acolheram como seus filhos. Eles nos nutriram, abrigaram e protegeram por muitos anos. Tomar deles amorosamente esse amor é o primeiro círculo do amor. Ele é a condição para todas as outras formas de amor.
Como poderá alguém, mais tarde, amar outras pessoas, se não experimentou esse amor? Faz parte desse amor que amemos também os antepassados de nossos pais. Eles também foram crianças e receberam de seus pais e avós o que depois transmitiram a nós. Também eles, através de seus pais e avós, vincularam- se a um destino especial, assim como nós nos vinculamos ao seu destino. A esse destino nós também assentimos com amor.
Então olhamos para nossos pais e nossos antepassados e dizemos amorosamente a eles: “Obrigado”. Este é o primeiro círculo do amor." Bert Hellinger
Sei que muitas vezes é desafiador olharmos para a nossa infância, para nossas dores e para nossos pais que muitas vezes são os "responsáveis" por esses sentimentos. Mas vamos ampliar um pouco nosso olhar?
Nossos pais antes de serem pais, foram adolescentes, crianças, bebês. Eles também passaram por muitas coisas que sequer sabemos. Eles também tiveram suas dores que na maioria das vezes não puderam olhar e curar suas próprias feridas. Com isso, eles a carregam e vão para o mundo com feridas abertas e de forma inconsciente repetindo esse sentimento. Nós como filhos são uma forma deles poderem olhar para eles e reviverem muitas coisas, que por vezes doem novamente.
Nada é possível ser curado sem que seja olhado e sentido. Nós como filhos, e por todo amor que carregamos por nossos pais, somos capazes muitas vezes de nos machucarmos por eles, adoecermos por eles e até morrer por eles. Toda essa dor que carregamos pode ser deixada para trás. Basta para isso que concordemos com nossa história, exatamente como foi, pois foi graças a ela que tivemos força para estar aqui hoje. E o quanto mais tomamos nossa história e nossos pais dentro do nosso coração, mais nos fortalecemos diante da vida que nos espera sempre de braços abertos. A vida não julga! Ela simplesmente é uma expressão do amor mais puro que tudo acolhe.
Segue aqui uma meditação linda deixada pelo Bert Hellinger no livro "Um lugar para os excluídos"
Meditação sobre o primeiro círculo do amor
Fecho os olhos e volto à minha infância. Contemplo o início de minha vida. O início foi o amor de meus pais, como homem e mulher. Eles foram atraídos um pelo outro por um forte instinto, por algo poderoso que atuou por trás deles. Contemplo essa força que os uniu e me curvo diante dela. Contemplo como meus pais se uniram e como resultei de sua união, com gratidão e amor. Depois meus pais me aguardaram, com esperança e também com receio, esperando que tudo corresse bem. Minha mãe me deu à luz, com dores.
Meus pais se contemplaram e se admiraram: “É essa a nossa criança?" Então disseram: “Sim, você é a nossa criança, e nós somos seus pais”. Eles me deram um nome, deram-me seu sobrenome e disseram por toda parte: “Este é o nosso filho". Desde então pertenço a essa família. Eu tomo minha vida como membro dessa família. A despeito de todas as dificuldades que ocorreram, sobretudo em minha infância, a vida em si não sofreu dano.
Essas dificuldades podem exigir muito de mim. Quando, porém, contemplo tudo o que pesou - por exemplo, ter sido entregue a outras pessoas ou não ter conhecido o meu pai - eu digo sim a isso, da maneira como aconteceu, e com isso recebo uma força especial. Então encaro meus pais e digo: “O essencial eu recebi de vocês. Eu reconheço tudo o mais que vocês fizeram, seja o que for, mesmo que tenha envolvido alguma culpa. Eu reconheço que isso também pertence à minha vida e concordo com isso”.
Sinto, em meu interior, que sou os meus pais, que os conheço por dentro. Posso me imaginar, por exemplo: onde em mim eu sinto a minha, mãe? Onde em mim eu sinto o meu pai? Dos dois, quem está mais em evidência e quem está mais escondido? Permito que ambos fiquem em evidência, encontrem-se e se juntem em mim, como meu pai e minha mãe. Em mim eles permanecerão sempre juntos. Posso alegrar-me com isso.
Eu os tenho realmente em mim. Seja o que for que tenha acontecido em minha infância, digo sim a isso. Afinal, tudo se ajeitou. Isso me fez crescer. Além de meus pais, muitas pessoas me ajudaram. Quando meus pais não estavam disponíveis, de repente havia um professor ou uma tia em seu lugar. Ou então alguém na rua me perguntou: “O que há com você, criança?” Essa pessoa cuidou de mim, levou-me talvez de volta para casa.
Eu tomo todas essas pessoas, junto com meus pais, em meu coração e em minha alma. De repente, sinto em mim uma grande plenitude. Quando tomo tudo isso com amor, sinto-me inteiro e em harmonia. Esse amor está em mim e se desenvolve em mim.
Essa meditação também tem gravada no meu canal do Telegram. Caso você ainda não faça parte é só ir no link da minha Bio, no meu Instagram.
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